Governo do Paran estuda pedir ilegalidade da greve dos professores na Justia

Diante da decisão dos professores da rede estadual de ensino de permanecerem em greve, o governo do Paraná não descarta pedir à Justiça que declare a ilegalidade da paralisação. Segundo o governador Beto Richa (PSDB), os docentes não têm demonstrado disposição para o diálogo nem para fazer concessões em nome de um acordo.

Na semana passada, após uma rodada intensa de negociações entre representantes do Executivo e dos sindicatos do funcionalismo, o governo aceitou retirar de tramitação da Assembleia Legislativa o projeto que suspende o reajuste salarial dos servidores − o pagamento da data-base está programado originalmente para janeiro. A condição imposta era que fossem encerrados os movimentos grevistas pelo estado.

Maior categoria em greve, no entanto, os professores decidiram seguir fora da sala de aula, em uma votação com diferença de apenas cinco votos, realizada no último sábado (22). “Nós atendemos à imposição do sindicato pela retirada da emenda, e eles sinalizaram que, com esse gesto − se fosse concretizado −, poriam um fim à greve. E isso não aconteceu, a greve continua”, criticou Richa em entrevista à Gazeta do Povo. “Se eles não querem discutir, agir com bom senso, fica difícil o diálogo. Nós estamos com o diálogo aberto, mas sentimos que não há disposição do outro lado para isso, em ceder em nada.”

Mais uma vez, o tucano bateu na tecla de que não há recursos para pagar R$ 3,5 bilhões ao funcionalismo em janeiro – R$ 1,4 bilhão de promoções e progressões e mais R$ 2,1 bilhões do reajuste salarial. Segundo ele, é possível fazer apenas o primeiro dos dois pagamentos.

“Cabe ao governo endurecer [a negociação] para prevalecer o interesse do estado, em que os alunos tenham acesso às aulas e não sejam prejudicados com a perda do ano letivo, das provas do Enem e do vestibular”, afirmou o governador. “Os professores que quiserem dar aula terão acesso às escolas e, se enfrentarem piquetes, podem fazer denúncias ao telefone 181. Também serão anotadas as faltas não justificadas, que prejudicam a progressão na carreira. E, posteriormente, [poderemos] pedir a ilegalidade da greve”, afirmou Richa.