Janeiro definir o tamanho da safra.

Enquanto os veranistas esperam céu limpo com sol forte para aproveitar a temporada nas praias do Litoral, os agricultores paranaenses torcem para que o clima seja chuvoso. Nu­­vens carregadas vão representar a salvação das lavouras de grãos nas duas primeiras semanas de 2012. Caso o tempo fique seco, as perdas podem alcançar 30% na soja e no milho. A irregularidade e a escassez das chuvas estão relacionadas ao La Niña, teoricamente mais fraco que o do último verão. Os problemas começaram a ser sentidos no início de dezembro e foram atenuados nos últimos dias, com o tempo nublado e as precipitações isoladas. O temor geral é que já tenham ocorrido danos irreversíveis, uma vez que dois terços das lavouras es­­tão em períodos decisivos, co­­mo floração e frutificação.

Sol e gelo
Granizo amplia risco de quebra O fenômeno La Niña deve continuar afetando a distribuição das chuvas, em especial no centro-sul da América do Sul, incluindo o Paraná. Isso significa que o clima tende a ser mais seco, com chuvas irregulares e risco de granizo, afirma o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) Luiz Renato Lazinski. “Os volumes das precipitações ficarão abaixo da média, o que deve provocar impacto negativo na agricultura”, prevê Lazinski. “Em anos como este, com variações bruscas nas temperaturas, a ocorrência de granizo é maior”, aponta. Ele relata que a passagem de frentes frias de fraca intensidade pelo Paraná não é suficiente para conter a redução nas chuvas. A temperatura cai mas não chove o suficiente para a produção agrícola. A umidade que percorre o mapa a partir da região amazônica não atinge o Sul do país. Quanto às temperaturas, o cenário das últimas semanas tende a se prolongar: períodos um pouco mais quentes que o considerado normal para esta época do ano com intervalos de quedas acentuadas de temperaturas.
A queda no volume das precipitações verificada em no­­vem­­bro e dezembro provocou uma diminuição significativa da umidade no solo. O sinal de alerta foi acesso na maior parte do estado, principalmente na Região Oeste, uma das principais produtoras de grãos. “O solo está muito seco e chu­­vas que não superem 30 milímetros não vão umedecê-lo”, conta o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia. O quadro era previsto desde setembro, quando o plantio foi antecipado, estratégia que não poupou as lavouras da falta d’água. A situação mais grave é a do milho, pela maior dificuldade que essa cultura tem de se recuperar de períodos de estiagem, na comparação com a soja. Cerca de 40% das lavouras do cereal estão frutificação e po­­dem apresentar espigas malfor­­madas. As dificuldades climáticas identificadas no Paraná afetam também Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além do Paraguai e da Ar­­gentina. Os primeiros relatórios com números sobre os efeitos da estiagem devem sair nos próximos dias. Déficit Chuvas têm sido fracas e esparsas As condições meteorológicas do Paraná devem mudar nos próximos dias. De acordo com Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Somar Meteorologia, vai chover mais no estado em janeiro do que nos meses de novembro e dezembro. Porém não serão períodos longos de precipitações. E pode faltar umidade em algumas regiões produtoras do estado. “Se for assim, pode haver perdas pontuais”, aponta Santos. Mesmo esparsas e em dose li­­mitada, as chuvas prometem contribuir para aumentar a umidade do solo. O ideal seria a reposição do déficit hídrico acumulado des­­de novembro, mas mesmo que is­­so não ocorra totalmente, um pouco de umidade faria a diferença para as lavouras de soja e de milho. “O solo está com déficit hídrico de 30%. Para que a situação vol­­te ao normal, são necessários 60 milímetros de chuva de boa qualidade, bem distribuídas”, diz. A situação mais crítica para a soja vem sendo registrada na faixa en­­tre Maringá e Palotina – do No­­roeste ao Oeste. Quanto ao milho, todas as lavouras do estado estariam em risco. Para o especialista, se chover apenas na segunda quinzena de janeiro, as perdas são inevitáveis. “Daí não salva mais. O potencial produtivo já terá sido afetado e a produtividade não vai alcançar o teto estipulado”, afirma. Fonte: Site; Jornal Gazeta do Povo, (04/01/2011).